domingo, 1 de agosto de 2010

Músicas Evangélicas: Pode ou não pode?

Podemos usar a música evangélica em nossos ministérios? Este é um dos assuntos que mais vem sendo discutido no campo católico e até mesmo entre alguns evangélicos, e com toda certeza é uma das maiores dúvidas relacionada ao Ministério de Música e Artes. Sempre ao escolher uma nova música para cantar ou dançar bate um ponto de interrogação: devo, ou não devo ensaiar uma música protestante? Essa dúvida é freqüente porque ainda hoje há uma enorme quantidade de opiniões a respeito desse tema. Há quem diga que é proibido cantar músicas de compositores evangélicos, já alguns dizem não haver problema cantar em grupos de oração ou encontros, desde que não sejam em celebrações eucarística. Outros dizem não ter problema algum em cantar qualquer que seja a música evangélica. Assim, não só como coordenadora do Ministério de Música e Artes nesta diocese, mas como ministra de música a doze anos quero aqui, colocar alguns pontos para que possamos refletir e crescer juntos e assim superarmos esses questionamentos que nos afligem.

Os mais diversos documentos de nossa Igreja voltados ao artista que fundamentam esse assunto, não impõem restrições ao uso de composições de outras igrejas, desde que essas não agridam a nossa fé!

Nos dias de hoje ouvimos muito falar em ecumenismo. Com o Concílio Vaticano II, o Papa João Paulo II fez esta proposta, para que houvesse mais unidade entre a nossa Igreja e os cristãos de todas as denominações. Precisamos sim viver esse ecumenismo, mas sem perder nossa identidade católica, sem abdicar dos princípios doutrinários e litúrgicos da nossa Igreja. Nossos músicos levaram essa proposta de unidade tão a sério que muitas das vezes não percebem que estão tocando, cantando e dançando canções que se opõem à nossa doutrina católica. O catecismo da Igreja católica no número 1158 é bem claro quando diz que “os textos destinados ao canto sacro hão de ser conforme a doutrina católica, sendo até tirados de preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas”. Vale, porém, ressaltar que o fato de não ser proibido por nossa Igreja, é necessário entender se essa é realmente uma boa idéia. Esse é um motivo que muitas vezes causa “tititis” entre membros do próprio ministério, Grupo de Oração e até mesmo por membros da nossa própria Igreja que por não gostarem do estilo de músicas, ousam a criticar-nos. Como disse logo acima, até mesmo no campo evangélico há questionamentos sobre o fato de cantarmos músicas deles.

Uma cantora evangélica muito famosa disse que “os católicos usam a música dela para adorar um pedaço de pão”. Se isso é mesmo verdade não sei, porém isso não é mais importante. Não cabe a nós julgar a fala dela. Por muitas vezes, eu em minha ignorância errei cantando músicas de adoração evangélica para adorar ao Santíssimo Sacramento. Hoje entendo que quando o autor da canção se inspirou para escrevê-la não se inspirou em Jesus eucarístico. Essa cantora não comunga da mesma fé que a nossa, se refere ao corpo de Jesus como “um pedaço de pão” simplesmente. Mesmo que ela seja uma ótima cantora, que suas músicas sejam inspiradas pelo Espírito Santo, a música não tem um respaldo católico.

A Adriana, cantora católica conhecida por todos nós disse em uma entrevista ao Portal da Música Católica e deu a seguinte resposta quando ele perguntou se ela fazia Show Góspel: “Show gospel não fala das doutrinas da Igreja Católica. Nós cantamos a doutrina da Igreja, os sacramentos, cantamos a Igreja Católica. A nossa música é que fala dos nossos dons, dos nossos sacramentos, da nossa doutrina”. Assim como Adriana, a Coodenadora Nacional do Ministério de Música e Artes Juliane Morige, disse no Encontro Nacional de Ministérios que precisamos assumir nossa identidade. Somos Carismáticos Católicos. Chega de falar que as músicas evangélicas tem mais poder e unção. Não podemos nos influenciar por certas opiniões. Se imitarmos nossos irmãos evangélicos, perderemos nossa identidade.

Estamos fazendo a nossa parte, em relação ao ecumenismo, mas nem todas as Igrejas aderiram à essa proposta, estando totalmente fechados ao diálogo e radicalmente se opõem à Igreja Católica, por esse fato, mesmo a nossa Igreja não se opondo à músicas evangélicas desde que não firam a nossa fé penso que não mais deveríamos insistir em colocá-las em nosso repertório católico, novas músicas evangélicas. A não ser aquelas que já cantamos a um bom tempo e a assembléia também já está acostumada em cantar.

Alguns evangélicos, por estarem preocupados em perderem “fiéis” estão dizendo que a Igreja Católica ganhou força nos últimos tempos porque está cantando algumas músicas deles, fazem referência à Canção Nova dizendo que fazem tudo igualzinho às Igrejas Evangélicas e que usam isso como arma para o estancamento da sangria em nossa Igreja, ou seja, reverter à fuga dos católicos que foram para as Igrejas Evangélicas. Ainda fazem o questionamento se os autores fizeram certo de autorizar esses católicos a regravarem essas músicas ou não, pelo fato da Igreja Católica estar ganhando força. Em um site evangélico diz o seguinte: Os nossos irmãos católicos estão aderindo cada vez mais às músicas evangélicas, nem causa mais espanto ouvir padres cantando. Nas Igrejas católicas, já é raro se ouvir músicas como: Maria de Nazaré, ou outras do tipo, agora, a moda é cantar músicas evangélicas. Esta fala é justificada porque de um tempo pra cá alguns padres católicos regravaram algumas músicas evangélicas, um deles foi o Padre Marcelo Rossi. Na verdade, quem “trouxe” algumas músicas evangélicas para nossa Igreja foi a Renovação Carismática Católica - até mesmo músicas de outros países - porém, eles só se deram conta agora porque chegou à mídia através desses cds. Assim, essa busca por ser fiel à Igreja, ou seja, o retorno á Igreja Católica dos fiéis que estavam afastados deve ser levada em conta pela graça que nosso movimento foi para a Igreja, contribuindo sim para seu crescimento, e não pelo fato simplesmente de cantarmos algumas músicas evangélicas. Hoje em dia nosso campo musical está riquíssimo de opções, com certeza ainda precisamos melhorar, mas o importante é que está crescendo e através dela resgatando almas para a Igreja. Novamente friso que o repertório evangélico cantado até hoje pode e deve continuar a ser cantado, porém não vejo necessidade de se incluir novas músicas deles. Há quem diga que os evangélicos estão cantando algumas músicas “nossas”, sem saber que na verdade são deles. A maioria das músicas do livrinho Louvemos ao Senhor, aquelas mais antigas que estão no início são evangélicas, essas não devem deixar de ser cantadas. Hoje as músicas novas que são acrescentadas são católicas, e de qualidade.

Gostaria muito que os Ministérios de Música da diocese de Jí-Paraná realmente colocassem na balança se vale a pena continuar cantando músicas de outras Igrejas. Deixo abaixo o endereço de alguns sites que serviram de referências para este artigo.

Abraços fraternos e muita unção em vossos ministérios, que todos nós possamos amar, cantar e valorizar a nossa música católica.

Grazielle Feitosa - Coordenadora do Ministério de Música e Artes

Referências:

www.portaldamusicacatolica.com.br

www.iurdportugal.com/news/?p=2066

http://www.pastorbatista.com.br/j15/index.php?option=com_content&view=article&id=94:igreja-catolica-voltar-crescer&catid=42:polemicas&Itemid=56

http://acaogospel.com.br/portal/index.php/destaque/%E2%80%9Cfaz-um-milagre-em-mim%E2%80%9D-catolicos-se-rendem-e-musica-gospel-vira-novo-hit.html

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